6 de Junho 2009 – 8º dia de Viagem
Percurso: 384 km
Moving time: 5:17h
Total time: 10 horas
Temperatura média: 36 graus
Saímos cedo. Hoje temos apenas 300 km até à fronteira. Apenas. É engraçado como a noção da distância é tão relativa, normalmente 300 km é uma distância considerável, hoje parece pequena.
Ainda demorámos uns 20 km para sair da cidade e apanhar estrada limpa, uma estrada cada vez mais degradada, muitos buracos, asfalto estalado. A paisagem começa a largar a areia, pouco a pouco a vegetação aparece, rasteira, árvores pequenas, a terra passa a ser terra, estamos a entrar numa zona mais fértil. Há muita vida ao longo da estrada, encontram-se muitas aldeias, há mercados à beira da estrada, há camelos à beira da estrada que ao longo dos quilómetros vão rareando para aparecerem muitos cabritos e vacas brancas de longos chifres. A arquitectura muda, há cada vez menos tendas e mais casinhas quadradas de telhado bicudo, coloridas de azul e verde-água. Muitas crianças vêm a correr, acenar.
Os 200 km até Rosso foram feitos sem parar e cerca das 11 horas estávamos a abastecer em Rosso. Evitamos esta fronteira conhecida pela mais corrupta da África Ocidental, viramos à direita para uma pista de terra que nos leva até Diama, uma fronteira perdida e apenas utilizada por viajantes, onde é provável a passagem ser mais rápida e barata. A pista é difícil, uma velha estrada enterrada pela terra e pelo pó, buracos, chão ondulado, muito pó. A paisagem é soberba, há pequenos rios, zonas muito verdes e cultivadas, 120 km de pista que demorámos mais de 2 horas a fazer. Ao atravessar o Parc National de Diawling, parámos para almoçar, estilo pic-nic, debaixo de uma tenda ao abrigo do sol escaldante. O guarda do Parque fez-nos companhia, pacientemente, até acabarmos, para nos cobrar 1.000 ouguiyas pela passagem do parque. Dez quilómetros à frente a fronteira entre a Mauritânia e o Senegal e o fim da pista e do pó que entranhou e pintou tudo de castanho.
No posto da alfândega pagámos 10 euros pela saída dos veículos. De seguida o homem da polícia pediu-nos mais 10 € pelo carimbo de saída no passaporte e o Azevedo não quis pagar. Andámos por ali cerca de uma hora e então o Carlos foi negociar de novo e acabámos a pagar metade do preço. Lá saímos da Mauritânia, país onde se paga para entrar e se paga para sair.
Na ponte da barragem de Diama por entre os dois países há uma portagem, onde nos pediram mais 10€ para abrir a cancela. O guarda até era simpático e foi hilariante ver o Enrique a negociar em espanhol e o homem a responder em francês. Acabamos a pagar metade.
E cá estamos nós, no Senegal, uma fronteira complicada, um processo que até parece um circuito pelo centro comercial às compras de carimbos. Primeiro na polícia, o carimbo no passaporte, depois a alfândega para a entrada dos veículos e compra do Passe-Avant. O inspector da alfândega que tinha cara de comerciante, recolheu a documentação toda, inspeccionou a carrinha e até obrigou a abrir as 3 caixas de livros escolares que levamos para a organização ATLAS, organização não governamental de solidariedade que tem projectos na Guiné-Bissau.
Oh-lá-lá … 3 caixas …. é complicado, é complicado ….. aqui no Senegal tudo tem de ser controlado … dizia o inspector a preparar-se para subir o preço da entrada. E lá foi o Tour líder, instalou-se no gabinete da alfândega, ouvíamos conversa, risos e mais conversa e acabamos a pagar apenas o valor oficial – 20 euros (tivemos muita sorte pois os franceses que passaram lá antes de nós desembolsaram 100€ cada um). Mas ainda não acabou, ainda falta fazer o seguro obrigatório que nos custou mais 15 euros, vendido pela Madame Poutá e negociado, claro, pois o primeiro preço estava nos 25 euros. Resumindo e concluindo, em 300 metros desembolsámos 55 euros. Mas pelas histórias contadas por outros viajantes até foi barato ou o nosso Tour Leader não fosse um excelente diplomata que acaba sempre por negociar boas compras.
Ao fim da tarde, por uma pista de terra, chegamos ao alojamento, situado no meio do Parque Langue de Barbarie, o ZEBRA BAR, um parque de campismo com uns bungalows fantásticos, em cima da praia. Jantámos no terraço a ouvir os pássaros e a ver sombras de animais a passar por entre o parque. Eu não jantei, estava enjoada. Ainda aguentei duas horas de passeio pela cidade de St. Louis à noite, uma ilha encravada no rio Senegal, com casas coloniais um pouco degradadas, muita gente nas ruas. Sábado à noite é dia de festa.
As raparigas senegalesas são lindas, altas e esguias, têm longos cabelos, esticados, de preto brilhante, movem-se como gazelas. As mulheres são generosas, alegres e sorridentes, vestem roupas incrivelmente coloridas, berrantes, com grandes lenços na cabeça atados com laços artísticos. Ouve-se música em todo o lado.
Percurso: 384 km
Moving time: 5:17h
Total time: 10 horas
Temperatura média: 36 graus
Saímos cedo. Hoje temos apenas 300 km até à fronteira. Apenas. É engraçado como a noção da distância é tão relativa, normalmente 300 km é uma distância considerável, hoje parece pequena.
Ainda demorámos uns 20 km para sair da cidade e apanhar estrada limpa, uma estrada cada vez mais degradada, muitos buracos, asfalto estalado. A paisagem começa a largar a areia, pouco a pouco a vegetação aparece, rasteira, árvores pequenas, a terra passa a ser terra, estamos a entrar numa zona mais fértil. Há muita vida ao longo da estrada, encontram-se muitas aldeias, há mercados à beira da estrada, há camelos à beira da estrada que ao longo dos quilómetros vão rareando para aparecerem muitos cabritos e vacas brancas de longos chifres. A arquitectura muda, há cada vez menos tendas e mais casinhas quadradas de telhado bicudo, coloridas de azul e verde-água. Muitas crianças vêm a correr, acenar.
Os 200 km até Rosso foram feitos sem parar e cerca das 11 horas estávamos a abastecer em Rosso. Evitamos esta fronteira conhecida pela mais corrupta da África Ocidental, viramos à direita para uma pista de terra que nos leva até Diama, uma fronteira perdida e apenas utilizada por viajantes, onde é provável a passagem ser mais rápida e barata. A pista é difícil, uma velha estrada enterrada pela terra e pelo pó, buracos, chão ondulado, muito pó. A paisagem é soberba, há pequenos rios, zonas muito verdes e cultivadas, 120 km de pista que demorámos mais de 2 horas a fazer. Ao atravessar o Parc National de Diawling, parámos para almoçar, estilo pic-nic, debaixo de uma tenda ao abrigo do sol escaldante. O guarda do Parque fez-nos companhia, pacientemente, até acabarmos, para nos cobrar 1.000 ouguiyas pela passagem do parque. Dez quilómetros à frente a fronteira entre a Mauritânia e o Senegal e o fim da pista e do pó que entranhou e pintou tudo de castanho.
No posto da alfândega pagámos 10 euros pela saída dos veículos. De seguida o homem da polícia pediu-nos mais 10 € pelo carimbo de saída no passaporte e o Azevedo não quis pagar. Andámos por ali cerca de uma hora e então o Carlos foi negociar de novo e acabámos a pagar metade do preço. Lá saímos da Mauritânia, país onde se paga para entrar e se paga para sair.
Na ponte da barragem de Diama por entre os dois países há uma portagem, onde nos pediram mais 10€ para abrir a cancela. O guarda até era simpático e foi hilariante ver o Enrique a negociar em espanhol e o homem a responder em francês. Acabamos a pagar metade.
E cá estamos nós, no Senegal, uma fronteira complicada, um processo que até parece um circuito pelo centro comercial às compras de carimbos. Primeiro na polícia, o carimbo no passaporte, depois a alfândega para a entrada dos veículos e compra do Passe-Avant. O inspector da alfândega que tinha cara de comerciante, recolheu a documentação toda, inspeccionou a carrinha e até obrigou a abrir as 3 caixas de livros escolares que levamos para a organização ATLAS, organização não governamental de solidariedade que tem projectos na Guiné-Bissau.
Oh-lá-lá … 3 caixas …. é complicado, é complicado ….. aqui no Senegal tudo tem de ser controlado … dizia o inspector a preparar-se para subir o preço da entrada. E lá foi o Tour líder, instalou-se no gabinete da alfândega, ouvíamos conversa, risos e mais conversa e acabamos a pagar apenas o valor oficial – 20 euros (tivemos muita sorte pois os franceses que passaram lá antes de nós desembolsaram 100€ cada um). Mas ainda não acabou, ainda falta fazer o seguro obrigatório que nos custou mais 15 euros, vendido pela Madame Poutá e negociado, claro, pois o primeiro preço estava nos 25 euros. Resumindo e concluindo, em 300 metros desembolsámos 55 euros. Mas pelas histórias contadas por outros viajantes até foi barato ou o nosso Tour Leader não fosse um excelente diplomata que acaba sempre por negociar boas compras.
Ao fim da tarde, por uma pista de terra, chegamos ao alojamento, situado no meio do Parque Langue de Barbarie, o ZEBRA BAR, um parque de campismo com uns bungalows fantásticos, em cima da praia. Jantámos no terraço a ouvir os pássaros e a ver sombras de animais a passar por entre o parque. Eu não jantei, estava enjoada. Ainda aguentei duas horas de passeio pela cidade de St. Louis à noite, uma ilha encravada no rio Senegal, com casas coloniais um pouco degradadas, muita gente nas ruas. Sábado à noite é dia de festa.
As raparigas senegalesas são lindas, altas e esguias, têm longos cabelos, esticados, de preto brilhante, movem-se como gazelas. As mulheres são generosas, alegres e sorridentes, vestem roupas incrivelmente coloridas, berrantes, com grandes lenços na cabeça atados com laços artísticos. Ouve-se música em todo o lado.