Tan Tan - Dakla

2 de Junho 2009 - 4º dia de viagem

Percurso: 815 km
Moving time: 7:48h
Total time:12 horas

Madrugada. Às seis da manhã preparamos as motos e vamos para a estrada. O dia hoje é duro, temos um longo caminho até Dakla, no Sahaara Ocidental. Pela estrada Atlântica, o frio e a neblina acompanharam-nos nas primeiras horas, mas o amanhecer sob o mar é único. A estrada é boa mas estreita, tem pouco movimento. Só nós, o deserto à esquerda e o mar à direita. E a neblina que teima em colar-se à viseira. Os quilómetros foram-se sucedendo, uns atrás dos outros, estrada sem fim, rectas sem fim, o mundo é plano, amarelo e azul.




Vamos com atenção aos postos de abastecimento, temos de por gasolina todos os 150 km pois pode acontecer algumas bombas estarem secas. Mas é a única coisa que se passa nesta etapa, para além de mais controlos policiais. De resto não há nada. Deserto de pedra e mais deserto de pedra. O objectivo é ir almoçar ao Bojador, cerca de 550 kms.

A entrada de Bojador é fantástica. Uma enorme avenida, estilo ocidental faz lembrar a modernidade, atravessa a vila toda, tem bares, restaurantes e lojas, mas por detrás, o mesmo Marrocos de sempre, típico e especial na forma como como constroem as casas, como vivem, uma cultura diferente, não sei se pobre se rica pelos padrões ocidentais, mas muito peculiar.









São cerca das 2h da tarde e temos mais um controlo policial. Paragem para a vistoria e combinar o local do almoço. Uma esplanada na praça principal, batida pelo sol que finalmente nos aqueceu os ossos depois da maresia húmida, fria e pegajosa. Um prato típico – hamburger de camelo, acompanhado de ovo estrelado e salada (aqui até havia garfos).





Rapidamente devorámos o camelo e estrada de novo. Ainda faltam 350 km ata Dakla. Mais 4 horas de rectas infindáveis, monótonas, a puxar o sono. De vez em quando cruzávamos com bandos de camelos à beira da estrada, os poucos seres vivos que encontramos para além dos controlos policiais. Esses são permanentes. E postos de abastecimento secos, também. Só encontramos gasolina nas cidades principais, o que vale é que o preço desceu abruptamente para cerca de 70 cêntimos. Fixe.







Houve uma coisa que me impressionou muito – a quantidade de lixo que existe à beira da estrada. Lixo que as pessoas atiram dos carros, lixo que vem arrastado pelo vento que vem do mar, que vem de todo o lado e trás o lixo com ele. Há zonas que são um monte de lixo. Estranho para uma região tão deserta e para um deserto tão fantástico, árido, pedra, solitário.



O fim da viagem foi complicado, especialmente os últimos 200 km. O sono assaltou-me violentamente e tive de parar várias vezes para sentir o fresco na cara. Só acordei mesmo quando cheguei a Dakla, uma península encravada no Atlântico, 30 kms de paraíso de praias, mar aberto no deserto.

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